Amamentação: Produção de Leite

Breastfeeding: Milk Production

 
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O Aleitamento Materno tem inúmeras vantagens para a mãe e para o recém-nascido, tanto a curto, como a longo prazo, existindo um consenso mundial de que, a sua prática exclusiva é a melhor maneira de alimentar as crianças até aos seis meses de vida, salvo algumas exceções em que, por motivos de saúde da Mãe ou do recém-nascido, tal não é recomendado ou possível.

 

anatomia da mama

Para compreender como funciona o aleitamento é importante compreender como é a anatomia da mama da mulher.

A mama está situada na região central da caixa torácica, posicionada entre a segunda e sexta costelas, apoiada no músculo peitoral.

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É constituída por:

  • o mamilo e aréola (onde o recém-nascido vai pegar para mamar);

  • os ductos de leite, pequenos canais por onde passa o leite dos alvéolos para o mamilo;

  • os alvéolos, pequenos conjuntos esféricos de células que produzem o leite (parecido com um cachos de uvas);

É ainda composta pelo tecido adiposo (gordura) e coberta pela pele.

 

Como é que a minha mama vai produzir leite?

A produção de leite, processo designado de Fisiologia da Lactação, está relacionada com duas hormonas: a Prolactina (a hormona responsável pela produção do leite) e a Oxitocina (a hormona responsável pela ejeção do leite).

O nível de prolactina no organismo materno já aumenta ao longo da gravidez, mas outras hormonas, nomeadamente os estrogénios produzidos pela placenta, inibem a produção de leite nesta fase. Após o parto e a dequitadura (a saída da placenta), a prolactina vai atuar e induzir a produção de leite.

O leite forma-se nos alvéolos e quando o bebé vai mamar, a sucção vai induzir impulsos sensoriais no mamilo que são transmitidos ao cérebro, que vai fazer aumentar a produção da prolactina nas células secretoras dos alvéolos. Este é o chamado Reflexo da Prolactina.

A prolactina entra na corrente sanguínea depois da mamada, para produzir leite para a mamada seguinte.

Com a continuação dos estímulos desencadeados pela sucção do bebé, são novamente enviados impulsos sensoriais através do mamilo ao cérebro, que produz a Oxitocina. Esta hormona faz contrair as células mioepiteliais, ajudando o leite a sair dos alvéolos e a prosseguir através dos ductos mamários. Este é o chamado Reflexo da Oxitocina ou Reflexo de Descida e Ejeção do Leite.

A oxitocina entra na corrente sanguínea antes e durante a mamada, para a saída no leite. Por isso se refere por vezes que o leite é produzido também na “cabeça da mãe”.

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O QUE PODE ALTERAR OU INTERROMPER A PRODUÇÃO DO LEITE?

A produção do leite é influenciada por vários fatores. A maior influência vem das hormonas que falámos acima, a Prolactina e a Oxitocina, que são os maiores facilitadores.

A prolactina é uma hormona circadiana (segue o ritmo do dia e noite), e a sua produção aumenta durante a noite - por isso é normal é que sinta as mamas muito mais cheias ao acordar de madrugada. Esta hormona também contribui para o relaxamento e sonolência da mãe, o que permite que consiga descansar profundamente, mesmo que em intervalos pequenos.

Em situações específicas - até aos 6 meses, se a mãe está a amamentar em exclusivo, em intervalos nunca maiores do que 5-6h - esta hormona é inibidora da ovulação, e pode ser considerado um método anticoncepcional. Isto significa que enquanto a amamentação for exclusiva e em intervalos regulares, é muito provável que não exista ovulação - e sem ovulação não há menstruação. Mas a ovulação só precisa de acontecer uma vez para acontecer uma nova gravidez, sem chegar a ter menstruação, por isso um método anticoncepcional alternativo deve ser discutido com o seu médico de família.

A oxitocina - também conhecida como a hormona do amor - é segregada quando a mãe experiencia emoções positivas: está calma, relaxada, confiante, quando ouve, vê, cheira e toca no seu bebé. Tudo isto vai contribuir para a saída do leite - por isso é normal se nas primeiras semanas, ao ouvir o seu bebé a chorar, começar a perder leite! Se a mãe viver emoções negativas, como dor na amamentação, stress, preocupação e insegurança, vai bloquear o reflexo de oxitocina. Nestas situações, o pai tem um papel muito importante, assegurando que a mãe está confortável, relaxada e re-afirmando a sua confiança no processo da amamentação.

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Diz-se que o aleitamento materno é uma questão de procura e demanda: quanto mais o bebé mamar, vai leite a mãe vai produzir.

Outros fatores inibidores da lactação (factores que impedem a produção de leite) estão diretamente ligados a isso mesmo:

  • se o bebé não mamar, a produção de leite vai diminuindo até parar;

  • se a mama não é esvaziada, a produção de leite fica suspensa (um pouco como se à espera que esvazie para voltar a encher);

  • se o bebé mamar mais de uma determinada mama, esta vai produzir muito mais leite;



 Para que o aleitamento tenha sucesso é necessário, não só que a mãe/casal tenha isso como projeto, mas também que desenvolva algumas competências para amamentar, que conheça as técnicas e estratégias a usar e sobretudo que as saiba ajustar ao seu bebé. E isto pode ser diferente de bebé para bebé, de filho para filho.

 

QUAIS AS VANTAGENS DO ALEITAMENTO MATERNO?

São várias vantagens do Aleitamento Materno tanto para o bebé como para a mãe, nomeadamente:

  • o leite materno é o alimento com mais vantagens nutricionais e imunológicas para a criança, contribuindo para o seu adequado crescimento, desenvolvimento e fortalecimento do seu sistema imunitário;

  • previne doenças agudas e crónicas a curto e longo prazo (infeções gastrointestinais, otites, infeções respiratórias, asma; obesidade);

  • diminuição do risco da síndrome de morte súbita do lactente, em relação aos lactentes alimentados artificialmente;

  • é produzido pela mãe pelo que se torna num alimento de baixo custo e amigo do ambiente

  • promove o vínculo entre mãe-filho e auxilia na recuperação da mãe após o parto;

  • reduz a probabilidade de cancro do ovário e do útero no futuro.

De acordo com a UNICEF (2016) outra vantagem do Aleitamento Materno ocorre quando uma mãe que amamenta fica doente, o seu corpo produz anticorpos no seu leite para combater a doença, protegendo assim, a criança que é alimentada com este leite, havendo assim uma comunicação imunológica personalizada entre mãe e filho.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) em associação com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), têm vindo a fazer um esforço mundial, desde 1991, no sentido da promoção, proteção e apoio ao Aleitamento Materno. Neste âmbito fizeram diversas recomendações mundiais que promovem e incentivam a amamentação exclusiva durante os primeiros 6 meses de vida, recomendando que a introdução de alimentos sólidos e alimentos líquidos (como a água ou chás) deverá iniciar-se apenas nesta etapa, como complemento e não em detrimento do leite materno até, pelo menos, aos 2 anos de vida. 

 

Bibliografia:

Direção-Geral da Saúde. (2013). Programa Nacional de Saúde Infantil e Juvenil. Retrieved from: https://www.dgs.pt/documentos-e-publicacoes/programa-tipo-de-atuacao-em-saude-infantil-e-juvenil.aspx

Comissão Nacional Iniciativa Amiga dos Bebés. (2016). Entidades Amigas dos Bebés. Retrieved from http://www.unicef.pt/lista_entidades_amigas_dos_bebes.pdf

UNICEF. (n.d). Benefits of breastfeeding. Retrieved from: https://www.unicef.org/nutrition/index_24763.html

World Health Organization, & United Nations Children’s Fund. (2014). Global nutrition targets 2025: breastfeeding policy brief. WHO Library Cataloguing-in-Publication Data. Geneva. Retrieved from http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/149022/1/WHO_NMH_NHD_14.7_eng.pdf

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